50 anos de jovem guarda

- Um ritmo alucinante, uma era de ouro da música popular brasileira. Seguindo uma sequência em que ás batidas das guitarras levavam multidões ao delírio. Apaixonadamente cada "Candinha" tinha um grito de delírio, naquelas vestes, movimentos, acessórios, cores, e carinhas bonitas, mas que tinham não só a doce meiguice, como também a qualidade. Era uma época de transformação, em que o solo da guitarra soava como cântico de liberdade, uma liberdade não corrompida por movimentos céticos, que hoje maculam a estrada da história de nossa música. Uma época que tinha teor de flagrância de um comportamento absolutamente puro. Lembro-me, que no Club Social de nossa terra, aos domingos nas matinées, ás garotas ficavam de um lado e nós de outro, e uma bandeja era colocada com suas jóias, brincos, pulseiras, para que retirássemos ás peças, e entregássemos o pertence a garota. Dali por diante surgia a paquera, o frio na barriga, nas danças ao som da jovem guarda. Áureos tempos de uma meiguice sublinhada pelo carinho. Nós, nunca havíamos ouvido falar em droga, em comportamento sexual adverso ás nossas origens. Era uma ligação pura, harmoniosa, em que pairava no ar o suave perfume das meninas, e a elegância dos rapazes. Eu sempre digo que, nasci em uma época que que havia sentimento patriótico, uma revolução em cada esquina, seja ela musical ou não, os movimentos políticos tinham uma serenidade sem igual, por isso morríamos pela liberdade de expressão, econômica, social e a cada letra de uma música, havia a presença da essência maior, o amor, por cada gesto em que nos metíamos, e vendo e ouvindo a jovem guarda.Nosso comportamento,nossa moda, nosso visual, nossas expressões, e se pararmos para pensar nenhum de nossos amigos, penderam para a marginalidade, para as drogas, para o virar sexualmente, para a mutilação de nossos ideais. Viva nossos ídolos, tempos que jamais voltarão, mas que deixaram em nosso sangue a bactéria da musicalidade e de nosso comportamento.Por Carlos Dehon

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